“ACEITAR? SUPERAR?
É difícil dizer em que momento supera-se a situação e aceita-se ou não a chegada de uma doença.
No meu caso, a cada dia que passa, falo com mais naturalidade sobre a doença de Parkinson e, em teoria, penso inclusive saber o suficiente para enfrentá-la.
Conheço muitos dos seus sintomas. Convivi de perto com eles em vários amigos. Sei o quanto é duro e lembro isso a mim mesma todos os dias.
Freqüentemente, quando penso no futuro, tento me convencer que estou preparada, que não haverá surpresas, que tudo sairá bem. Contudo, o menor sinal de um novo sintoma me derruba completamente.
Observar esses indícios em Pedro produz em mim um grande impacto. Me dou conta de que a realidade é diferente. Que estou despreparada. Talvez, no fundo, não o tenha aceitado ainda ou nem sequer tomado consciência do problema.
Tudo tem seu tempo... Mas, na verdade, não sei se um dia conseguirei encará-lo sem que meu coração se parta em mil pedaços. Não precisamente de pena, mas de impotência por não poder fazer algo para driblar o inevitável.
Para mim é muito duro viver deste lado.
Quem sabe, algum dia...
Tradução de Marcílio Dias dos Santos.