17 fevereiro 2008

“ACEITAR? SUPERAR?



É difícil dizer em que momento supera-se a situação e aceita-se ou não a chegada de uma doença.

No meu caso, a cada dia que passa, falo com mais naturalidade sobre a doença de Parkinson e, em teoria, penso inclusive saber o suficiente para enfrentá-la.

Conheço muitos dos seus sintomas. Convivi de perto com eles em vários amigos. Sei o quanto é duro e lembro isso a mim mesma todos os dias.

Freqüentemente, quando penso no futuro, tento me convencer que estou preparada, que não haverá surpresas, que tudo sairá bem. Contudo, o menor sinal de um novo sintoma me derruba completamente.

Observar esses indícios em Pedro produz em mim um grande impacto. Me dou conta de que a realidade é diferente. Que estou despreparada. Talvez, no fundo, não o tenha aceitado ainda ou nem sequer tomado consciência do problema.

Tudo tem seu tempo... Mas, na verdade, não sei se um dia conseguirei encará-lo sem que meu coração se parta em mil pedaços. Não precisamente de pena, mas de impotência por não poder fazer algo para driblar o inevitável.

Para mim é muito duro viver deste lado.

Quem sabe, algum dia...
Mamen
Tradução de Marcílio Dias dos Santos.