"Comportamento e explosividade" (II)
Hugo no seu último post coloca uma questão muito interessante mas bastante difícil, para não dizer complicada. Trata-se do estabelecimento de relações de causa e efeito entre variáveis endócrinas e psicológicas.
O estudo da Universidad Complutense de Madrid (UCM) que “revela la asociación entre la expresión y el control de la ira y la enfermedad de Parkinson” poderia ter abordado esta questão do predomínio da adrenalina na mobilização do portador de DP, mas a evitou.
O tema, inclusive, já foi objeto de piada. Conta-se que num incêndio, quando alguém gritou “fogo”, numa sala onde estavam várias pessoas, o parkinsoniano foi o primeiro a pular pela janela.
Ou muito me engano, esta anedota pretende mostrar a intimidade que a PcP, sabidamente lenta (Bradicinesia) pela falta de dopamina, tem com a adrenalina.
Pesquisando no Google acabei achando um post que publiquei neste blog em 2002. Ele tem tudo a ver com a questao levantada por Hugo. Segue sua transcrição (não está em discussão aqui a tese da DP ter sua origem num ferimento no pé):
“ Domingo, Fevereiro 10, 2002
Personalidade Típica de PD 01
Cláudia Streva chamou minha atenção sobre a personalidade típica de DP descrita por Janice Walton-Hadlock nas publicações do Programa Recuperação de Parkinson. Andei lendo o material e anotei o seguinte:
Janice fala que a doença de Parkinson (DP) "(...) pode ter sido desenvolvido durante um período de mais de seis décadas, muito provavelmente desde a infância." (M.P. p. 4 de 77). A tese de Janice é que a PcP "(...) tem um antigo trauma de décadas no pé. Isto cria duas situações: Primeiro, qualquer trauma significativo causa uma breve redução na produção de dopamina. O trauma no pé nunca curou, consequentemente na doença de Parkinson a redução da dopapina torna-se permanente. Em segundo lugar, o trauma cria um bloqueio elétrico que, depois de décadas, se torna intransitável". Daí resultando a formação do que ela chama de "linha de degradação". (M.P. p.33 de 77)
"A redução da dopamina é uma tentativa do mesencéfalo de fazer o corpo diminuir a velocidade. É mais fácil entender este processo se você considerar o caso de um animal ferido." (idem p. 36)
"(...) De fato, usando a adrenalina, o hormônio de "briga ou fuga", um animal machucado ou um humano podem executar proezas impossíveis de movimento e energia. (Adrenalina é o nome comum. O nome mais técnico é epinefrina). Mas se não houver nenhuma emergência, o modo de cura, ou modo de dopamina baixa prevalece." (idem p. 36)
"Quando você tem doença de Parkinson idiopática seu cérebro está no estado de "animal machucado". O problema é, com DP, o machucado nunca vai embora. O trauma ajusta-se lá no pé por toda a vida, enquanto o cérebro de propósito produz dopamina mais lentamente. Finalmente as células do mesencéfalo que produzem dopamina se reestruturam para que as estruturas produtoras de dopamina se desmantelem." (idem p.36 de 77)
Segundo Janice esse mecanismo dá ao portador de DP uma personalidade típica, devido ao fato de apresentar essa redução do nível de dopamina e uma incrível elevação da adrenalina. "Um pessoa com DP levanta da cama de manhã usando adrenalina ao invés de dopamina. Ela escova seus dentes com adrenalina. Ela come sua comida e medita usando adrenalina! O neurotransmissor que deveria apenas ser usado em ocasiões raras tais como no perigo mortal ou fúria é usado para manutenção diária! (idem p. 37 de 77).
por marcilioII em 2/10/2002 08:03:00 PM
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