Ola Boa noite, este testemunho saiu na nossa revista de parkinson:
Caros amigos e companheiros desta Associação em que partilhamos uma coisa em comum, o Parkinson.
Quero-vos dizer que o que eu senti pela primeira vez, assim a sério, mas que ainda não sabia que era ele que tinha chegado, foi quando eu um dia entrei num palco a dançar folclore e de um momento para o outro não consegui coordenar os movimentos ao ritmo da música, deixando de dançar uma dança das mais simples, depois controlei-me e lá consegui acabar a dança e continuei a actuação de folclore, mas no fim eu tremia toda por fora e por dentro, sem me conseguir controlar, e ainda achando que tinha feito uma figura ridícula
Eu sou a Olívia, tenho 43 anos e á sete foi-me diagnosticado doença de Parkinson.
A vida prega-nos cada partida!
Depois de muitos sacrifícios que já a vida exige de nós, eu que ainda sou nova e que tenho muito para dar e receber, aparece-me uma doença que de princípio só deveria aparecer, e era se aparecesse lá pelos 60 ou mais.
O certo é que ela está cá e eu tenho que viver, com altos e baixos, é certo, pois estou numa nova fase da minha vida, digo nova, porque é tudo realmente novo, tanto no meu corpo como na minha mente, é duro mas não me vou deixar vencer, quanto muito pode me limitar fisicamente mas a minha cabeça está muito bem, racionalmente, porque emocionalmente ás vezes vai-se abaixo, os dias estão cinzentos, mas por sorte ainda há alguém atento e me ajuda a colori-los, outras vezes sou eu que dou cor aos dias dos outros.
Não me esqueço que tenho Parkinson, mas posso enganá-lo, divertindo-me, passando o tempo em coisas que ocupem a minha mente e assim provar que ainda faço muito.
Faço teatro amador, faço parte de um grupo folclórico, ajudo a organizar eventos na nossa associação, ás vezes apresento espectáculos, tenho-me testado e sinto que por hora não estou a perder, é esse o lema.
Cada dia é um dia, não quero pensar a longo prazo, não posso mesmo, isso seria desesperante, para ser feliz tenho de me conformar e viver o dia a dia.
Sou nova, tenho ainda muitos sonhos, não posso baixar os braços, é duro, reconheço, mas também fico contente comigo mesma por sentir que não me dou por vencida.
Se formos fortes o que nos derrubaria num ano, passa a ser em dois ou três.
Tenho esperança na vida, na medicina, nos amigos, tenho esperança de ser uma felizarda e um anjo me guie sempre e me leve pela mão no caminho da luz e nunca no desespero.
Quero viver sempre com um sorriso nem que ele esteja só na minha cabeça ou no meu olhar.
Olivia Marinho